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quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

Hoje é dia do Samba.


















(Muro da Quadra da Escola de Samba Sambão)

Cresci em uma região do Centro-Norte de Teresina que todos costumam chamar de “ Baixa da Égua”. Pois bem, se você já mandou alguém ir para a “Baixa da Égua” saiba que a tal, com certeza irá passar em frente a minha casa.

Dizem os vizinhos e moradores antigos do bairro que o nome surgiu faz décadas.

Localiza-se no lugar o Mercado Central, (conhecido como Mercado velho, mas, por força de sotaque e do piauiês é o “MERCÁDU VÉI” ).

Os comerciantes costumavam deixar seus animais na Baixa.Éguas e cavalos.

Um dia uma égua se acidentou, morreu e por fim apelidaram o Local.

Depois , com o passar dos anos, veio a casa de azulejos azuis da minha Bisavó. A loja dela (Casa Saló era uma das mais famosas na minha cidade nos primórdios das lojas de “tudo enquanto” ). A casa onde nasci (onde meu pai mora hoje com minha madrasta) , a quitanda do seu Manoel Messias (casado com Dona Deusimar, pai de Juroba, percussionista e também baterista, da Ilana e da Patrícia), apaixonado pela Escola de Samba Sambão. Pois é, meu bairro tem até Escola de Samba. Isso conto daqui a pouco.

Foi na Quitanda do seu “Manel” que ouvi as primeiras músicas de Cartola, Noel Rosa, sambas da Mangueira, entre outros. Era comum ver velhos amigos dele, tocando, compondo, se divertindo ao som das batucadas e eu sempre ia comprar bombom ou moedinhas de chocolate.

A baixa tem pedaços de mim, por todas as ruas, esquinas. Conheço cada canto, quem mora em cada casa, sei de todos os boatos, fofocas, picuinhas e blábláblás. Toda semana surge um diferente e nem me esforço muito pra saber, vem vovó Fátima (mãe de meu pai ) e diz:

- MENINA, TU SOUBE?

Acho graça. Mas bom, bom mesmo eram os carnavais. Os sambas de enredo, dificilmente serão arrancados da memória. Muitos tiveram dedinhos do meu irmão ou do meu pai nas letras , outros, gravados por eles próprios. Ah , o Juninho . Puxava um samba na avenida como ninguém, e a bateria do Papai Naka, inconfundível, sempre nota 10.

Muitos ensaios assisti da janela (por não ter idade pra freqüentar). Acompanhava tudinho, me orgulhava ao ver meu pai falar ao microfone, guiando seus diversos braços, distribuídos entre surdos e tamborins.

Quando era dia de carnaval, meus olhos vibravam, de tanta cor e fantasia.

E na avenida, o coração batia forte quando ouvia Juninho cantar, um samba de própria autoria:

“Nasci na comunidade da Baixa da Égua.

Sou rosa e branco, me respeite seu doutor.

No samba fiz minha história, são muitos

anos de glória, eu sou Sambão, com orgulho eu sou”

5 comentários:

  1. história muito boa!! Gosto do sentimento que você colocou!!

    e o samba.. dá até pra imaginar..

    ainda vou conhecer essa baixa da égua. talvez, eu amarre meu jegue por aí...rsrs

    um beijo.
    David

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  2. Dá até vontade de Samba, sabe?
    Pois é.
    Lindo, Cami.
    *:

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  3. muito legal! Inspiração dentro de casa..sensibilidade doméstica. Sutileza das coisas simples e lembranças doces.

    vo seguir aki..posso??

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  4. prima,fui olhar por curiosidade e amei seu blog,lembra tmb muito minha vida,o centro,a baixa é o melhor lugar do mundo...bjs (nayana camuri)

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